sábado, 17 de julho de 2010

Considerações sobre a Hipnose

            Dentro da nossa proposta de divulgar e comentar livros considerados importantes e úteis para o aprendizado da Hipnose e Hipnoterapia, cabe algumas considerações iniciais, talvez até defensivas.
            Primeiro, a literatura brasileira sobre os temas citados é reduzida, devendo ser elogiado o esfôrço dos que conseguiram publicar seu trabalho. E a análise crítica deve ser leve. Já escreveu Flaubert, que "o crítico literário é aquele que não conseguiu ser escritor".         Segundo, os livros que usarei para material de trabalho, são publicações em inglês ou raras traduções para o português. Como durante a Hipnose são usadas frequentemente palavras de duplo sentido, ditados, piadas, frases ambíguas, metáforas e trocadilhos fica quase impossível a tradução ser fiel e adequada, distanciando-se das intenções do autor. Tradutore, traditore, dizem os italianos.
        Citando um rápido exemplo de Erickson: ele usava a palavra "nose" (nariz, como todos sabem) misturada com "knows" (sabe) que têm a mesma pronúncia, e o paciente erguia a mão até o nariz. Na tradução literal, o leitor ficaria perdido. Se o tradutor ajudar, distancia-se da intenção do autor, e o leitor perde de novo. Double bind. Perde na ida ou perde na volta. Outro exemplo simples do Erickson: associava "I", eu, com "eye", olho, de novo com mesma pronúncia, para obter os efeitos desejados. Isto é para dizer que a literatura a ser comentada na grande maioria será de obras em inglês. Porque, mesmo que quisesse comentá-las na versão em português, são poucas. Mas claro que existem e serão citadas aqui.
           Um importante anestesiologista irlandês, Ivan Magill, dizia que a Anestesia possuia três fases de desenvolvimento: 1) Prática; 2) Ensino e 3) Pesquisa. Aplicando este critério, como descreveríamos a prática, ensino e pesquisa da nossa Hipnose? Quem a pratica? Quem está ensinando e quais capacitações possui? Quem e aonde realiza as pesquisas e onde foram publicadas? Ainda com o Ivan Magill: um dos maiores anestesiologistas brasileiros, José Carlos Parsloe, conversando com Magill no Rio de Janeiro, há mais ou menos 50 anos atrás, Parsloe meio que se desculpava por não ocupar um cargo universitário e de ter escassas pesquisas e publicações para mostrar, mas que na prática diária da especialidade, procurava oferecer aos pacientes a anestesia mais atualizada, baseada na melhor conhecimento científico e dentro da melhor técnica e segurança que pudesse oferecer. E Magill respondeu: "e você acha que isso é pouco?"
Penso que é um princípio que serve para todos. Depois vem o ensino, depois vem a pesquisa.
           Assim, tendo por base "Doze livros para aprender Hipnose ràpidamente" serão tecidos comentários e apresentadas propostas. Serão citados livros e autores marcantes. Talvez sirva de roteiro inicial de estudo para algum interessado, que depois voará sózinho. Não teremos autor de obra única, mas autores que deixaram um legado consistente, a partir do qual, outros autores iniciaram seu trabalho.
         Começaremos com  "The Collected Papers of Milton Erickson", editado por Ernest L. Rossi. Como vão notar, são quatro volumes. Lembro a história de Jorge Luís Borges, quando fizeram-lhe a clássica pergunta: "qual livro levaria para uma ilha solitária?" A resposta de Borges: "A Enciclopédia Britânica". Pois o livro The Collected Papers possui quatro volumes.
Bom dia.
Paulo Evangelista

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